AI RÉDI A DRIM

07/06/2014 19:41

Sim, eu tive um sonho. E como Martin Luther King, decidi contar o meu sonho para o mundo. Espero não levar um tiro na pança tal como levou o sonhador Nobel da Paz.

 

No meu sonho o Brasil jogava a final da Copa do Mundo com a Argentina. Estávamos no 13 de julho e por ser treze, Zagallo assistia o jogo ao lado da comissão técnica, numa espécie de homenagem quase póstuma oferecida pelo presidente da CBF, o não menos quase póstumo, José Maria Marin.

 

O domingo nem parecia de inverno. O céu carregava o azul de brigadeiro que deixava o astro rei ainda mais majestoso no horizonte.  A candura da natureza acariciava os espíritos e conspirava a favor da festa que iria começar por todo o país logo após o apito derradeiro.

 

O público no Maracanã remodelado, tomava os espaços mais contidos. Assistiam sentados, em pé ou de cócoras o jogo de zero a zero dos mais irritantes, mas que garantia a conquista do Hexa. 

Tínhamos ido tão bem ao longo do torneio que a Fifa decidiu que o empate, mesmo sem gols, seria o suficiente pra gente levar o caneco pra casa. Isto é, deixar o caneco em casa.

 

Jogo duro, jogo truncado, com muitas faltas, discussões, empurra-empurras. Não poderia ser diferente, ninguém tem sangue de barata, nem nos sonhos, muito menos brasileiros e argentinos numa final de Copa do Mundo.

Bolas batendo na trave de um lado e de outro e a cada ameaço de gol, um susto que levava ao delírio as torcidas de ambos os lados. Os contras-copa daqui vestiam-se de azul celeste como os de lá.

 

Sem dúvida esta seria uma Copa para entrar na história. Tudo tinha dado tão certo até então, que estávamos mais do que orgulhosos. Planejamento, organização, lisuras, muitos turistas deixando dólares e euros em nossos balcões, uma verdadeira maravilha.

 

A Copa das Copas tinha acontecido sim e pra calar a boca de muitos e estava agora se encerrando com a conquista do Hexa. A Globo até liberou o sinal para as emissoras que quisessem transmitir a grande final. A Fifa permitiu, claro.

 

Só sei que no meu sonho a partida estava no segundo tempo, mais precisamente nos quarenta e nove. O juiz deu seis minutos de acréscimo, iríamos, então até os cinquenta e um. 

A rigor, se alguém somasse o tempo de bola parada por isso ou por aquilo, certamente, vinte minutos seriam mais do que justos.

 

Enfim, nessa altura do certame... de súbito o público viu Messi sair em velocidade pela direita, de cabeça baixa disparando com a bola nos pés em direção ao time adversário.

Levou um, levou dois, levou três, o quarto caiu sentado de bundão no chão, o quinto ficou nos quintos... logo veio o sexto, o sétimo, o oitav... o nono... puta que o pariu, o cara alcançou a zona do agrião do Julio Cesar numa velocidade de bala de canhão! Caralho! Fodeu! O mundo gritou.

 

Neymar tinha saído aos vinte do primeiro tempo com o tornozelo em frangalhos. Felipão de ansiedade foi levado às pressas ao hospital de Base de Brasília, onde a presidenta se recuperava de cólicas renais. Quem ficou no comando da seleção foi o Parreirão. Ele quis chamar o Dunga, mas a Fifa permitiu não.

 

Só sei que no sonho o argentino de Rosário parecendo estar com o rosário nos pés, meteu a bola no fundo da rede, espetacularmente, marcando um gol pra calar a boca de qualquer cristão.

 

O Maracanã ficou mudo pela segunda vez na história. O juiz apitou o final da partida um minuto depois. Nem ele acreditou.

 

O mundo viu a Argentina ser campeã nas terras maracanãs, levando a taça com um golaço de Messi, #filhodaputamente, tão bem feito e bem no finalzinho do jogo, sem chance de recuperação do time adversário, nós.

 

Dai eu acordei.