O TOTALITARISMO E A QUIETUDE

26/04/2014 12:31

 

Pensava agora no totalitarismo dos fanáticos e na quietude das manhãs de Piracaia. 

 

Vejo que de um lado o PT é a bola da vez no que se refere a política praticada de forma comum. Ele se transformou num hábil articulador, num monstrinho populoso, dissimulado que abusa do flagelo histórico e meio que monopoliza a ideia do "vítimas da luta armada". 

Se profissionalizou no ramo, perdeu o brilho da pureza, assim como foi com o MDB, com o PSDB na história recente do país.

Amanhã ou depois um outro partido estará no governo, eleito "democraticamente". Possivelmente com apoio de um PMDB ou coisa parecida. Acho que é essa a regra desde os tempos do "café com leite" ou até antes dessas mineirisses e paulistas.

 

E o que importa isso tudo? Nada! 

Nada além do meu enjôo em relação à classe política verde-amarela. Salvo... salvo... Bem, salvo alguém que não me lembro quem. 

 

Sinto rancor.  Acho que é isso que sinto pelo que eles são e não pelo que eles deveriam ser. Um rancor pelo mal que já proporcionaram aos humanos ao longo da história e que ainda continuam fazendo. Pelo mundo e em especial aos brasileiros, pois por um acaso do acaso, eu nasci aqui e aqui padeço diretamente do mal dos políticos do local.

Por si já bastaria para que eu desejasse a esses zumbis maquiavélicos o caminho sem volta às profundezas do inferno. Mas não faço isso não, nem preciso, pois essas coisas, de certo vieram de lá. Do lugar do zoiudo.

 

Então, eu digo com todas as letras e com o coração agora turbinado: Vão para as profundezas do céu, seus pulhas!

 

Não quero saber a agremiação da qual vocês se macularam, nem a bandeira a qual carregam feitos toscos, os vejo como  tontos manipulados, uns facistóides disfarçados, débeis semelhantes uns aos outros, no discurso, nas ações e no poder.

São iguais,  metem a mão na grana alheia por convicção, fazem a mala na cara dura por cultura e que se dane o mundo, pois não me chamo Raimundo, como diria minha saudosa vizinha, Dona Nina, a anarquista do Belém.

 

Na prática, o que vale pra vocês, num português claríssimo, é:  

 

Que se foda, eu quero o meu e pau no cú dos prejudicados!

 

Porcos, seres humanos estão morrendo de fome, doença e sede.

 

De tempo em tempo uma exceçãozinha aparece aqui ou acola, mas logo ela se desfaz misturando-se a um suco de sistema mentiroso. 

 

Vitamina azeda essa!

 

As instituições brasileiras, de modo geral, estão esculhambadas, sem respeito e sem crédito. Com nada mais se importam a não ser com elas mesmas. Se protegem com a armadura da tradição. 

 

O país vive o caos da moral e está no ápice da mentira.

 

No entanto, há uma luz no final do túnel, pois em terra de cegos, quem tem olhos é rei.

 

O sábado em Piracaia amanheceu lindo demais. O céu azul com algumas pinceladas branquinhas de floquinhos de nuvens, bem espalhadinhas ao fundo, mais pareciam a pintura rebuscada de um apaixonado artista medieval. 

 

O friozinho que corria pelas ruas e pelas frestas da roupa, deixava as poucas áreas banhadas pela luz do sol, que despontava pelo horizonte, num contraste de temperatura incrível, num tom saboroso único para se deliciar. A natureza se manifestava ali e invadia minha sensibilidade.

Não me sentia na Terra naquele momento, nem em Marte, nem em Brasília, Parintins ou Nova York. Piracaia parecia ser um planetinha verde dono de si mesmo, auto-suficiente, sem constelação que regesse seu caminho pelo espaço e nem um astro rendido a qualquer magnetismo de qualquer Sol. Piracaia parecia um planeta solitário, mas feliz e soberano, entre as bilhões de tristes galaxias que o Big Bang fez um dia no infinito.

 

Na linda manhã de Piracaia, nem mesmo a idiotice dos Alibabás e dos quase trezentos picaretas me aborreceram. Esqueci temporariamente da existência malígnina do sapo barbudo que gosta de pinga, do intelectual que fala arrogante sobre sociologia e destinos do Brasil, dos patetas que aplaudem eles todos, dos que ganham dinheiro usurpando a fé alheia, dos incautos que têm fé alheia, dos traficantes de drogas e da indústria das drogas lícitas, dos usuários de drogas, dos fascínoras, dos sertanejos universitários, dos funkeiros, das torcidas organizadas, das pessoas que eu detesto que dizem que eu não presto... dos que não conhecem Noel Rosa. 

Nem essas coisas me tiraram o sossego que Piracaia me proporcionou nesta manhã. 

 

A quietude se revelou numa paz que há muito não sentia. Piracaia, sou eternamente grato a você.