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Bozo na Globo

01/03/2014 11:27

 

Desfile em SP

Em Carnaval informal, Globo tenta ignorar SBT, mas cede para Bozo

 

Por PAULO PACHECO, em 01/03/2014

NT - Daniel Castro

 

Na transmissão de Carnaval mais informal de sua história, a Globo tentou ignorar referências ao SBT nas escolas de samba que lembraram temas nostálgicos no primeiro dia de desfiles em São Paulo. Livia Andrade foi entrevistada, mas sem ser identificada como atriz de Silvio Santos. Crianças vestidas com uniforme da escola de Carrossel foram ignoradas. Ao mostrar o carro alegórico com um palhaço Bozo gigante, porém, Chico Pinheiro deu os créditos à concorrente.

"Aí está o carro do palhaço Bozo, sucesso da nossa coirmã SBT", disse o apresentador da Globo enquanto passava o carro alegórico da escola de samba Dragões da Real, a quarta a entrar no sambódromo do Anhembi e que relembrou sucessos dos anos 1970 e 1980. Bozo ficou no ar no SBT entre 1980 e 1991 (e voltou rapidamente em 2013).

Apesar dessa menção ao SBT, a Globo escondeu outras referências à emissora concorrente. A Acadêmicos do Tucuruvi, com tema ligado à infância, trouxe no carro abre-alas crianças vestidas com o uniforme da Escola Mundial, da novela Carrossel (2012). O repórter Thiago Real entrevistou a madrinha de bateria Lívia Andrade, sem citar que ela é apresentadora do SBT.

Na Rosas de Ouro, que relembrou personalidades marcantes, desfilaram a atriz mirim Aysha Benelli (Laura, de Carrossel), os palhaços Patati Patatá e uma sósia da apresentadora Hebe Camargo (1929-2012).

Piadas

Chico Pinheiro e Monalisa Perrone seguiram à risca as ordens do diretor de núcleo J.B. Oliveira, o Boninho, que proibiu os apresentadores de se comportarem como em um telejornal. Empolgado, Chico Pinheiro imitou Sinhozinho Malta, personagem de Lima Duarte em Roque Santeiro (1985), e Chacrinha (1917-1988), lembrados pela Dragões da Real.

Durante a passagem da ala das baianas com personagens do desenho Moranguinho, o apresentador, indelicado, perguntou para Monalisa Perrone se ela já brincou de salada de frutas quando criança (brincadeira em que "pedir salada mista" significa "dar beijo de língua"), deixando a colega constrangida.

O temporal que caiu durante todo o desfile serviu para deixar a transmissão ainda mais descontraída. O repórter José Roberto Burnier, ao citar o samba-enredo da Rosas de Ouro (Inesquecível), emendou: "Inesquecível foi essa chuva que caiu aqui no Anhembi", e chamou a colega Veruska Donato, que completou: "Inesquecível ficou o meu cabelo com essa chuva, não vou nem tirar a capa".

Tietê

01/03/2014 06:18

Rio Tietê em 1924 altura da Ponte das Bandeiras. Ponto de vista do Clube Espéria, na época chamado Floresta. 

Ao fundo onde ve-se as árvores, hoje fica a sede do Clube de Regatas Tiete, recentemente fechado.

O rio era limpo para pesca e natação, muito diferente dos dias de hoje.

É triste ver o que restou do rio mais paulista dos rios brasileiros. Pelo menos a extensão que cruza a cidade de São Paulo.

 

Brilhante como sempre.

26/02/2014 07:59
Luis Fernando Verissimo - O Estado de S.Paulo - 23/2/14

Bom dia! Eu sou Mirthes Sayão e este é o programa Cozinhando com Mirthes, nosso encontro gastronômico de todas as manhãs. Ao meu lado, como vocês podem ver, e como todos os dias, a Isaltina , que está comigo desde que eu nasci (praticamente, não é Isaltina?) e que é meu braço direito, minha ajudante, minha... O que é isso, Isaltina?! Você escorregou? Gente, a Isaltina escorregou e caiu no... Dá para se levantar sozinha, Isaltina? Por favor, alguém da produção pode... Isso. Obrigada. Você está bem, Isaltina? Não me assuste dessa maneira outra vez. Então vamos lá.

Gente. Nosso prato de hoje é uma especialidade russa, uma sopa fria chamada vurska. Sim, uma sopa fria. Ela é tomada na Rússia no verão, que, como se sabe, na Rússia dura só uma semana. Aliás, os russos chamam a semana de verão de "vurskaya", justamente: a semana de tomar vurska. Você sabia isso, Isaltina? Isaltina... Preste atenção. Você está bem? Então. Os ingredientes da vurska tradicional são: batata, cebola, nabo, repolho, salsa, alho e...e... Estou esquecendo uma coisa. Ah, leite de cabra azedo. Eu não estou vendo aqui o leite de cabra, Isaltina. Derramou no chão? Foi no leite de cabra que você escorregou, Isaltina? Não? Bom. Depois a gente vê o leite de cabra azedo.

Mas hoje, minhas amigas, nós não vamos fazer a vurska tradicional. Vamos acrescentar um ingrediente especial, que eu só vou revelar qual é mais tarde. Suspense! Isaltina, onde você vai? Fique aqui do meu lado. A Isaltina, hoje, não sei não, hein amigas? O que é que você tem, Isaltina? Acho que ela está namorando, gente. Mas a Isaltina já é avó, não é, Isaltina? Eu já contei que ela está com a nossa família desde que eu era pequititinha, que era como ela me chamava? Deste tamanho? E olha, se há alguém de quem se pode dizer que tem a alma branca é ela, viu? Quando ela casou, minha mãe deixou ela levar o marido para a nossa casa. Infelizmente, ele não era boa coisa. Nos roubou. Nunca ficou provado, mas estava na cara que foi ele que roubou os tacos de golfe da mamãe. Papai forçou a Isaltina a se separar dele.

Mas isso tudo é história antiga. Vamos à vurska. Eu sei que muitas de vocês devem estar se perguntado: será que a vurska não pode ser servida quente, para ser tomada durante todo o ano? Pode, mas há sempre o risco de ela explodir no fogo e queimar suas sobrancelhas. Na Rússia, quem não tem sobrancelhas é chamado de "vurskapupetien", ou, numa tradução livre, "um que brincou com a vurska". Isaltina, aproveite que você já está com a faca na mão e comece a picar a cebola e o alho enquanto eu... Isaltina, essa faca é muito grande. Pegue uma menor. E agora, minhas amigas, atenção. Vou revelar o ingrediente secreto da nossa vurska. É vodka! E aqui está a garrafa de vodka...ué, vazia. Isaltina, onde está a vodka? Você bebeu a vodka toda, Isaltina? E o que você vai fazer com essa faca? Isaltina, pare. Isaltina, nós estamos no ar. Isaltina...EU SOU SUA PEQUITITINHA!

 

Seria este o verdadeiro pai de Jesus?

22/02/2014 10:02

Maria e o homem chamado Pantera

POR RLOPES

17/02/14 12:14

 

Tibério Júlio Abdes Pantera (22 a.C.-40 d.C.), arqueiro do Exército romano, nascido em Sidon (atual Líbano), enterrado em Bingerbrück, atual Alemanha (esses romanos gostavam de viajar). O sujeito que, segundo uma hipótese do historiador americano James Tabor, poderia ter estuprado/seduzido Maria e gerado um filho ilegítimo, condição depois ocultada pelas narrativas de concepção divina nos Evangelhos. Faz algum sentido do ponto de vista histórico?

Resposta curta: muito provavelmente não. Mas vamos entender melhor essa maluquice toda.

A acusação de ilegitimidade, a tentativa de chamar Jesus de “bastardo”, é relativamente antiga — mas não tão antiga quanto os Evangelhos, até onde sabemos. A primeira referência à ideia parece vir dos escritos de um autor pagão anticristão, Celso, que fez essas afirmações em 178 d.C. (quase 200 anos depois do nascimento de Jesus).

O texto original de Celso se perdeu, mas o teólogo cristão Orígenes decidiu tentar refutar ponto por ponto as ideias do escritor pagão na obra “Contra Celso”, de 248 d.C. E, para isso, precisou explicar quais eram as visões do tal Celso sobre o nascimento de Jesus.

Ora, o escritor pagão, segundo Orígenes, dizia ter ouvido de um judeu seu conhecido a história de que, na verdade, Maria teria cometido adultério com um soldado romano chamado Pantera antes de ir coabitar com seu noivo carpinteiro. Pela traição, teria sido abandonada por ele. Após dar à luz em segredo, passou a criar o menino Jesus, o qual, após uma temporada no Egito trabalhando como operário e mágico (é, eu sei, combinação estranha), teria começado a dizer que tinha origem divina.

O velhaco Pantera não aparece apenas na obra de Celso, porém. Textos judaicos posteriores, reunidos no Talmude, a vasta compilação de opiniões legais, narrativas e outros materiais religiosos, falam de um tal “Ben Pendera” ou “Ben Pantere” (filho de Pantera), supostamente um herege e curandeiro judaico, às vezes explicitamente identificado com Jesus dependendo da edição do Talmude. É dificílimo datar a miscelânea de textos do Talmude, mas é mais provável que as histórias sobre “Ben Pendera” datem do ano 250 em diante — talvez bem em diante, tipo ano 500.

Finalmente, em meados do século 19, arqueólogos alemães acham o monumento funerário de Pantera. Tudo o que sabemos é que o arqueiro provavelmente prestou serviço militar na região da Palestina antes de ir para a Alemanha e que ele provavelmente tinha origem semítica (poderia ser fenício ou mesmo judeu), dado o nome “Abdes”. Tanto no tempo quanto no espaço, parece ter sido mais ou menos contemporâneo de Jesus.

Por que diabos, então, esse não é “o” Pantera? Por que Jesus não poderia ser filho do hómi, afinal? Bem:

1)Primeiro, o nome era comum, inclusive na região da Palestina e entre soldados romanos, e foi comum durante vários séculos (pode até ter sido a origem da lenda, já que “Pantera” = “soldado romano genérico”).

2)As histórias sobre o nascimento ilegítimo são todas muito tardias. Pouco antes de Celso escrever, outros teólogos cristãos tinham debatido com judeus sobre o nascimento de Jesus, e a acusação de ilegitimidade não aparece em nenhum momento.

3)Há indícios interessantes de que a história contada por Celso é uma espécie de paródia maldosa da narrativa do nascimento de Jesus em Mateus, e só no Evangelho de Mateus. Só o Primeiro Evangelho, por exemplo, diz explicitamente que o noivo de Maria era um carpinteiro, afirma que José tinha ficado perturbado com a notícia da gravidez de sua prometida e afirma que Jesus passou uma temporada no Egito quando menino (em Mateus, para fugir do rei Herodes).

4)Não é à toa que Mateus seja o alvo desse tipo de sátira judaica, já que era, no segundo século depois de Cristo, o evangelho mais popular e o mais influenciado pela própria origem judaica de Jesus em seu texto. Era o alvo mais próximo, em resumo.

Finalizando: não parece fazer muito sentido usar as histórias sobre o “filho de Pantera” como fonte sobre a paternidade do Jesus histórico. Na verdade, a origem tem a ver com uma tática que acontece desde que o mundo é mundo quando a ideia é desqualificar adversários políticos ou religiosos: atacar a reputação dos sujeitos — ou a da pobre mãe deles.

Do Estado de S Paulo

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